É amor ou abuso? Você saberia identificar os sinais de alerta de um relacionamento abusivo? Muita gente não sabe, mas estar nesse tipo de relação nem sempre é sinônimo de agressão física. Os abusos vêm de forma muito mais sutil, por isso a dificuldade em identificar esse tipo de relação.
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“O relacionamento abusivo é moldado pelas agressões verbais, físicas e/ou sexuais”, aponta o psicólogo Alexandre Bez, especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami (UM). “Independentemente se elas estiverem associadas entre si ou serem cometidas isoladamente. Agressão sempre será agressão. Tem que ter a dor, humilhação, sofrimento mental e físico.”
Também é importante ficar atenta a qualquer sinal de ciúmes excessivo, controle financeiro, afastamento de outras pessoas ou ameaças. Para identificar esse tipo de relação abusiva, é essencial saber identificar as suas quatro principais fases. São elas:
Agressão verbal: fase em que a agressão contra a mulher se estaciona na verbalização. “Inclui controle abusivo, ameaças pelo domínio e econômico, humilhações verbais, ridicularização, associações depreciativas e comparações humilhantes (associações em relação a outras mulheres)”, detalha Alexandre.
Agressão física: nessa fase a agressividade é exclusivamente moldada por hematomas e intenso sofrimento físico. Algumas agressões podem ser “espertamente aplicadas” em locais do corpo da mulher aonde não há evidências de agressividades físicas, portanto, nesses casos há uma dupla e confirmada intenção contínua e persistente. Pode ser ou não também acompanhada da verbalização, que é atuante na fase 1.
Agressão sexual: constitui a fase mais cruel para a mulher, pois nessa fase implica a ação feita com desprezo, cuja sensação do agressor é mesmo pautada através de uma sexualidade unilateralmente, mas integralmente prazerosa para ele.
A última etapa podendo ou não ser intencional leva ao feminicídio causado pelas agressões de violência física.
Relacionamento abusivo vs. Relacionamento tóxico
O relacionamento tóxico tem uma certa diferença do relacionamento abusivo. Enquanto este segundo apresenta é moldado por agressões verbais e, em alguns casos, físicas, a relação tóxica é caracterizada pela dimensão negativa da relação, ao contrário da relação abusiva.
“Na relação tóxica há o ingrediente da passividade e do distanciamento entre as esferas emocionais de ambos”, alerta o psicólogo. “Usualmente essas relações são dimensionadas pelas carências (afetivas, relacionais, sexuais, carinhosas, companheiras, etc.) Há uma dissociação entre os dois remetendo-os à um limbo. Relações tóxicas são todas aquelas que afastam a mulher da felicidade.”
O que fazer?
Peça ajuda. Você não está sozinha. Não tenha pena do agressor. Você deve denunciar os abusos físicos e compreender de que agressores não mudam. Não se cura agressividade. Mude de companheiro e eleve a autoestima com ajuda profissional.
“É importante fortalecer a esfera interna psicológica da mulher”, conta Alexandre. “Elevação da autoestima através da psicoterapia com psicólogos, fazer atividades que gostem também são muito importantes. Não fazer generalização e entender de que há homens que realmente valem a pena.”
Denuncie
Ao menor sinal de agressão física, denuncie: a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – Ligue 180 – é um serviço de utilidade pública gratuito e confidencial (preserva o anonimato).